top of page

Fossas Sépticas vs. Biodigestores Pré-Fabricados: Verdades, Mitos e Comparação

  • Foto do escritor: ÁGUAV Construindo Sustentabilidade
    ÁGUAV Construindo Sustentabilidade
  • 26 de ago.
  • 5 min de leitura

Você sabia que o dimensionamento correto de sistemas de tratamento de esgoto é crucial para sua eficiência e conformidade com as normas? Tanto as fossas sépticas quanto os biodigestores pré-fabricados tratam o esgoto de forma descentralizada, mas suas funções, processos e, especialmente, seus critérios de dimensionamento diferem significativamente.


Para início de conversa, vale esclarecer a semântica da palavra: BIO-DIGESTOR.


A palavra biodigestor é formada por dois elementos principais:

1. Bio-: Prefixo derivado do grego bios, que significa vida. Indica tudo relacionado a organismos vivos ou à biologia.

2. Digestor: Derivado do latim digestio, que significa processo de decomposição, digestão ou quebra de matéria. Na engenharia e na química, o termo refere-se a dispositivos ou mecanismos que realizam um processo de degradação (digestão).


Portanto, de forma literal, a palavra biodigestor refere-se a um sistema ou dispositivo que utiliza organismos vivos (bactérias e microorganismos) para realizar a digestão ou decomposição de matéria orgânica.



QUALQUER TIPO DE TRATAMENTO DE ESGOTO que não for químico, ou seja, que for biológico, SERÁ UM BIODIGESTOR.


Desenho Esquemático e imagem real de Fossa séptica e Biodigestor (Acervo ÁguaV).
Desenho Esquemático e imagem real de Fossa séptica e Biodigestor (Acervo ÁguaV).


Em um senso comum dentro da engenharia hidráulica e sanitária, os Biodigestores propriamente ditos utilizam processos biológicos anaeróbios que não só tratam o esgoto de forma mais completa, mas também podem gerar subprodutos valiosos, como biogás e água tratada para reuso.

São os dispositivos conhecidos como biodigestores chinês, biodigestor indiano, biodigestores de cúpula e os de lona.:


Biodigestor chinês de cúpula. Fonte: Cartilha manejo apropriado da água . IPESA. Ilustração: Patrícia Yamamoto
Biodigestor chinês de cúpula. Fonte: Cartilha manejo apropriado da água . IPESA. Ilustração: Patrícia Yamamoto
Biodigestor indiano. Fonte: CPT
Biodigestor indiano. Fonte: CPT

Modelo canadense. Fonte: EducaPoint
Modelo canadense. Fonte: EducaPoint


Ressalta-se que o grande benefício destes modelos de biodigestores é a capacidade de captar e permitir o aproveitamento do biogás gerado em seu interior para diversos usos.


Fogão de baixa pressão para uso do biogás proveniente do BioDigestor. Fonte: Adaptado de HomeBioGas.
Fogão de baixa pressão para uso do biogás proveniente do BioDigestor. Fonte: Adaptado de HomeBioGas.

As novas modalidades de Biodigestores comerciais pré-fabricados


Em contraste, as novas modalidades de “biodigestores” ofertadas pelas grandes empresas de equipamentos em PEAD, PRFV, oferece soluções de tratamento primário em alternativa a fossa séptica, os chamados “biodigestores”.


Biodigestor modelo Fortlev
Biodigestor modelo Fortlev


Biodigestor modelo Acqualimp. Fonte: Acervo ÁguaV.
Biodigestor modelo Acqualimp. Fonte: Acervo ÁguaV.


Biodigestor modelo Sanear Brasil.
Biodigestor modelo Sanear Brasil.


Entretanto, percebe-se que não há qualquer forma de captação , armazenamento temporário e sistema de aproveitamento do biogás gerado neste tipo de dispositivo.


Possuem, entretanto, em sua maioria, um fundo cônico, e um sistema de remoção de lodo autônomo (que não depende de caminhão esgota-fossa, o que é um grande benefício).


Dito isto, percebe-se que em realidade os ditos “biodigestores pré-fabricados” podem se assemelhar as fossas sépticas, cuja função principal é o tratamento primário é destinado a remoção de sólidos em suspensão sedimentáveis e/ou materiais flutuantes e Remoção da DBO em suspensão (matéria orgânica componente dos sólidos em suspensão sedimentáveis).


Os dispositivos de tratamento primário, como tanques sépticos ou biodigestores são unidades pré-moldadas ou moldadas in-loco, podem ser cilíndricas ou prismáticas retangulares, devem ser impermeabilizadas, são de fluxo horizontal, destinadas ao tratamento primário de esgotos de residências unifamiliares e de pequenas áreas não servidas por redes coletoras.


Com esta definição, e com as informações apresentadas até o momento, percebe-se que os biodigestores se enquadram na categoria das funções juntamente com os tanques sépticos.


Há entretanto, algumas diferenças, como seu dimensionamento, e por conta disso seus volumes também são diferenciados.


Vamos aprofundar nas especificidades de cada um, conforme as normas brasileiras!.



Dimensionamento Detalhado: Fossa Séptica (antiga NBR 7229:1993 atual NBR 17076/2025)


O dimensionamento de uma fossa séptica segue rigorosamente a então NBR 7229:1993 - Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos, atual NBR 17076/2025. O volume útil (V) é calculado por uma fórmula que considera o número de usuários, a contribuição de esgoto e lodo, e o período de detenção.


Fórmula de Dimensionamento:

V = 1000 + N (CT + K Lf)

Onde:

• V: Volume útil da fossa séptica, em litros.

• N: Número de pessoas ou unidades de contribuição (por exemplo, residências).

• C: Contribuição diária de despejos, em litros por pessoa por dia (L/hab.dia) ou por unidade por dia. Os valores de C são definidos na Tabela 1 da NBR 7229:1993. Por exemplo, para residências de padrão médio, C é de 130 L/hab.dia.

• T: Período de detenção dos despejos, em dias. Este valor varia conforme a contribuição diária total do sistema, conforme a Tabela 2 da NBR 7229:1993. Quanto maior a contribuição diária, menor o T.

• K: Taxa de acumulação de lodo digerido, em dias. Esse valor depende do intervalo entre limpezas (recomendado pela norma) e da temperatura média do mês mais frio na região, conforme a Tabela 3 da NBR 7229:1993. Para temperaturas acima de 20°C e intervalo de limpeza de 5 anos, K é 217 dias.

• Lf: Contribuição de lodo fresco, em litros por pessoa por dia ou por unidade por dia. Os valores de Lf são encontrados na Tabela 1 da NBR 7229:1993, sendo geralmente 1 L/hab.dia para residências.

Importante: A NBR 7229:1993 garante que o volume da fossa seja adequado para a sedimentação de sólidos, a flotação de escuma e a digestão anaeróbia inicial do lodo, com espaço suficiente para o acúmulo de lodo entre as limpezas.


Dimensionamento e Funcionamento: Biodigestores Pré-Fabricados


• Já o dimensionamento dos biodigestores pré-fabricados são dimensionados levando em conta basicamente o Números de pessoas que utilizará o dispositivo, o consumo diário de água ou esgoto por pessoa por dia e o tempo de detenção hidráulica mínimo necessário (adotar 1 dia mínimo).

Vu = NCT

Onde:

• Vu: Volume útil, em litros.

• N: Número de contribuintes.

• C: Contribuição de despejos, em litros por habitante por dia (L/hab.dia),

• T: Tempo de detenção hidráulica, em dias.


Comparativo Prático de dimensionamento: Fossas Sépticas vs. Biodigestores Pré-fabricados


Vamos criar um caso hipotético de uma casa para até 6 pessoas com padrão de consumo médio (130 Litros/hab.dia), o que nos dá uma contribuição diária de 780 litros por dia de esgoto sendo gerado e direcionado para o tratamento.


Vamos comparar os resultados dos seus respectivos volumes.


Desenho esquemático Caixa divisora de Fluxo. (Acervo ÁguaV).
Desenho esquemático Caixa divisora de Fluxo. (Acervo ÁguaV).

A diferença é de quase 3x entre o volume da fossa e o volume do biodigestor, uma vez que o método de dimensionamento do Biodigestor é basicamente o de conter o volume de esgoto diário gerado pelo período de 24 horas (1 dia) dentro do reator, o que já garante seu tratamento em sua eficiência média estimada, que tende a ser pouco melhor do que a fossa séptica convencional.


Suas dimensões também são mais reduzidas, o que facilita a instalação e diminui o espaço ocupado.


Considerações Finais


Para engenheiros, arquitetos e todos que planejam uma construção, entender esses detalhes é fundamental. A escolha entre uma fossa séptica e um biodigestor não é apenas uma questão de custo inicial, mas de eficiência a longo prazo, impacto ambiental e conformidade com as melhores práticas de engenharia sanitária.

Vale ressaltar que tanto a fossa séptica quanto os biodigestores são sistemas que atuam na etapa de tratamento primário, e requerem estágios posteriores de tratamento, como A FILTRAÇÃO (TRATAMENTO SECUNDÁRIO) e, se necessário, TRATAMENTO TERCIÁRIO e posterior DISPOSIÇÃO FINAL, ficando a cargo do projetista atender os requisitos mínimos de eficiência para conformidade legal.


Tem dúvidas sobre qual solução é a mais adequada para sua obra ou precisa de uma consultoria especializada para o dimensionamento? Conte com a ÁguaV! Estamos aqui para oferecer as melhores soluções em engenharia, sustentabilidade e inovação para seu imóvel.


Entre em contato e construa com consciência.







Acompanhe por aqui e nas nossas redes sociais onde estaremos atualizando em tempo real a evolução dos resultados deste trabalho e divulgando para você que se interessa pelas temáticas ambientais e inovações no Brasil.


 

ree






Leonardo Mello Affonso Lemos Tannous

Diretor Geral

ÁguaV Engenharia e Projetos LTDA.

Engenheiro Ambiental

CREA/SP 5063654518


Comentários


Obtenha um orçamento

Obrigado(a)! Enviaremos um orçamento em breve.

bottom of page